segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ainda a propósito do Dia da Mãe

Chegou-me às mãos um texto sobre o lado mais difícil da maternidade. Obrigatório ler! A autora elenca os cadilhos de quem tem filhos, recorrendo a várias entrevistas feitas a mamãs de crianças pequenas, e organizando-os (os cadilhos) em seis grandes tipos:

1- Sentimento de culpa;
2- O Inferno são os outros;
3- Não ter liberdade nem tempo para mim;
4- O cansaço pode fazer-nos ver tudo cinzento;
5- Educar não é fácil;
6- A angústia da separação.

Minhokinha assistiu ao encontro destas seis mães na esplanada do Café Sofia, Cidade da Praia, na passada terça-feira.

Meninas, este cafézinho vai ter de ser rápido porque o sacaninha daqui a nada acorda, diz a-que-não-tem-tempo-para-si. Oh, não lhe chames sacaninha..tadinha da criança, adverte a outra (pertencente àquele grupo que todos dizem não suportar: os Outros).

Era um final da manhã solarengo e bem disposto. O vento corria lesto mas o calor, que mais cedo ou mais tarde acaba sempre por levar a melhor, já se estava a instalar confortável na sua poltrona há alguns dias. O verde floreava, os passarinhos chilreavam, as crianças cantavam, os senhores do xadrez contavam histórias, mas daquela mesa viam-se os raios de luz branca, pairavam nuvens cinzentas muito carregadas e quase a desabar, ferviam emoções a temperaturas altíssimas, contavam-se algumas lágrimas, uma ou outra pitada de depressão e três ou quatro peças de roupa manchadas com Cerelac.

Não me venhas com comiserações, ó sabe-tudo! É sacaninha, e não sacana ou pior, porque o amo demais: é tão verdade quanto não conseguir ter dez minutos saudáveis para mim desde que ele nasceu.
Mas não te deve custar nada, pois não? Ai, ele é tão lindo – acrescenta a-que-não-suporta-separações – eu não consigo viver sem os meus. E acho-os encantadores sempre. Nunca me aborreço com as suas palermices e não consigo estar mais do que duas horas sem os ver. A professora já sabe que lá para as 10 horas, sem falhar, eu estou a entrar na sala de aula só para dar um beijinho aos meus fofos e levar-lhes o lanchinho! Não resito, o que hei-de fazer? Não resisto!
Eu só posso ser a mais terrível das mães! - anuncia a-que-põe-tudo-em-causa. Provavelmente falhei logo quando fiz a Cibelle naquela noite do Festival. Eu devia era desistir, dá-la para adopção.
Se calhar, tadinha, até podia ter mais sorte, não era? - o mascarado ar de sonsa da Outra.
Mas o que se passou? - quer saber aquela-para-quem-o-cansaço-pode-fazer-ver-tudo-cinzento – se calhar isso é só a exaustão a falar, andamos todas muito cansadas, eu se não dormir no mínimo oito horas por noite não funciono.
Oito horas?, deves estar a brincar! Ai oito horas...se eu tivesse tempo para mim e oito horas para dormir... - um looooongo e pensativo suspiro.
O que se passou foi que a menina Cibelle mandou-se para o chão no meio da rua, em frente a casa, por não querer entrar. Esmurrou-se toda, tive de a levar às urgências!
Ai tadinha, as urgências são grandes focos de bactérias. Eu quando é assim vou logo ao Dr. Barbosa Amado seja a que horas for. Ele deu-me o número de telemóvel dele – o sorriso que se abre insinuoso chega a estalar um Tlim* no canino esquerdo quando lhe bate um raiozinho de sol. É muito amigo do meu marido – o remate final.
Que horas são? Já é meio-dia? Porra, não me apetecia nada ir buscar os gémeos à escolinha – confessa a-100-por-cento-culpa. Quer dizer, corrige rapidamente, apetecer apetecer até apetece...não me apetecia era ir agora, disfarça puxando um cigarro. Eu sei que não devia fumar, acrescenta mesmo sem alguém fazer o mínimo comentário, eu sei que estou a falhar como mãe, que não sou responsável. É apenas um cigarro, juro! Juro que não fumo mais, vou deitar o maço fora! (Fico só com aquele que tenho dentro da caixa de arranjar as unhas, pensa imediatamente).

Toca um telemóvel. A Cibelle enfiou um feijão no nariz.
Mas onde é que eu falhei? Como pode ela achar normal enfiar um feijão no nariz?!?
Outro toque doutro Nokia. O sacaninha acordou, vou a voar!

E assim, sem pagar a conta, seis mamãs ligeiramente histéricas correm para os seus filhos. Quando chegam a eles sentem aquela verdade incontornável: é bom e vale a pena! Choros, birras e feijões no nariz incluídos.

Texto original em http://www.mae.iol.pt/artigo.php?id=1060975&div_id=3670
Obrigada Catarina! :)

2 comentários:

Sofia Fonseca disse...

aiiii o q me espera!! Socorro

Margarida disse...

Já me estou a ver a fazer parte desse clube... Oito horas de sono, agora, parecem-me um sonho longínquo... acordar sem ser ao som daquele chorozinho de "mamã dá-me maminha", também me parece uma realidade que esquecerei em breve... enfim... Noites mal dormidas, fraldas, choros, birras... e o mais estranho? é que basta olhar para aquele carinha fofa uma só vez para concluir que tudo vale a pena!