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Minhokinha

"Sou muitos sonhos juntos", Miguel Torga

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Neve em Braga

Hoje acordamos assim...


Postado por Minhokinha às 11:30
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Noveleta: porque sim!

Até que se encontraram um dia num café. Ela papoila rubra saltitante, ele homem-lua minguante com aquela mania de ser protector… que a fazia amá-lo ainda mais. Partilhando uma singela mesa de cappuccinos, ele desdobrava-se em cortesias enquanto ela se deliciava fixa nos seus lábios. Sentiu um desejo absurdo de ser beijada por eles no interior das pernas, meiga e languidamente como ele fazia questão de ser.


Maquinalmente

Maquinalmente adormeço para o amanhecer.
Protejo a inquietude que me regozija. Com certeza, será um prazer.
Por vezes questiono se Deus realmente sabe
quem sou e onde vivo… se calhar esqueceu-se.
Pressinto, trémulo em mim,
que existe a dúvida e que a inquietude
é somente uma forma de possuir,
de poder inverter os maniqueísmos da minha existência,
como quem anseia viver o sonho e sonhar com a vida.
Com essa inspiração genial, com a visão dessa clareza,
Ergo-me e busco um destino que não consigo vislumbrar.
Nem mais ninguém. Estranhamente, continuo a preferir
morrer como se fosse uma barbearia de bairro:
restos de cabelos velhos no chão, uma vassoura ao canto
que ninguém usa para limpar, uma cadeira velha e roçada
que chega a ser bonita
quando alguém se inclina sobre ela.
É pela metaforização do discurso
que se salva o pensamento.

Arménio Vieira.

Os normais

Normal is getting dressed in clothes that you buy for work
and driving through traffic in a car that you are still paying for - in order to get to the job you need to pay for the clothes and the car, and the house you leave vacant all day so you can afford to live in it.

Ellen Goodman

O Grande Leminski

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Paulo Leminski (obrigada Valente!!)

Grandes Mitos da Cultura

O verdadeiro domínio é, antes de mais, o de si próprio, a lucidez actuante. Agir livremente é libertar-se dos impulsos. O verdadeiro domínio da natureza não consiste em servir-se dela sem ter em conta aquilo que lhe acontece, e somente a sapiência permite obter esse domínio.

Henri Pena-Ruiz

Todo o Amor do Mundo não foi suficiente

Todo o amor do mundo não foi suficiente
porque o amor, o amor,
o amor não serve de nada!
Ficaram só os papéis e a tristeza,
ficou só a amargura e a cinza dos cigarros
e da Morte.
Os domingos e as noites que passámos a fazer planos
não foram suficientes e foram demasiados
porque hoje são como sangue no teu rosto,
são como Lágrimas.

A Naifa
Também do meu amor precisas para ser feliz,
desse amor de impurezas,
errado e torto,
devasso e ardente,
que te faz sofrer.

Jorge Amado

7

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio,
Que vai de mim para o outro.

Mário de Sá-Carneiro
(ainda e sempre o Melhor!)

Coisa Efémera

Menos que a chama de um fósforo
é quanto dura o teu orgasmo

À tua colecção de vidas breves
acrescenta o amor
e a borboleta.

Arménio Vieira in "Poemas"
Creo que te amo carinho
Xuxu, denguinho....

O'questrada, a melhor banda da minha rua!

De Mais Ninguém

Se ela me deixou a dor,
É minha só,
não é de mais ninguém
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor
Se ela preferiu ficar sozinha,
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou,
A dor é minha,
A dor é de quem tem...

É meu troféu, é o que restou
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor,
Eu tenho a minha dor
A sala, o quarto,
A casa está vazia,
A cozinha, o corredor.
Se nos meus braços,
Ela não se aninha,
A dor é minha, a dor.

(...)
É o meu lençol, é o cobertor
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor,
Eu tenho a minha dor
A sala, o quarto,
A casa está vazia,
A cozinha, o corredor.
Se nos meus braços,
Ela não se aninha,
A dor é minha, a dor...

Marisa Monte

O primeiro dia

A princípio é simples
anda-se sozinho
passa-se nas ruas
bem devagarinho
está-se bem no silêncio
e no borborinho
bebe-se as certezas
num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida..
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

Sérgio Godinho

Sou um evadido

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

Fernando Pessoa

Braga

"Braga Braga Braga
vamos para a frente,
Braga Braga Braga
está o sócio descontente,
Braga Braga Braga,
és a nossa glória,
Braga Braga Braga,
conta-me outra história!"

Mini Drunfs

"..."

Tem um daqueles casamentos muito arrumados, onde tudo parece correr sobre rodas, ainda que nada corra, nem bem, nem mal. Uma espécie de paz podre mascarada de conjugalidade de conveniência em que os casais fazem tudo by the book para convencerem a sociedade - e eles próprios - de que vivem uma vida feliz. Nesta encenação entra invariavelmente uma carrinha familiar, um andar num condomínio ou uma casa com jardim e férias nas Caraíbas ou no Algarve. Têm todos a mania de casar cedo, como se quisessem dar provas a alguém de alguma coisa.

Margarida Rebelo Pinto, Português Suave

Não Vale A Pena

Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar
Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema
De tão pequeno
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor

De repente, cai o nível
E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer
Que é uma pena
Mas você não vale a pena

Maria Rita

Contrariedades

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros Consecutivamente.

Dói-me a cabeça.
Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Cesário Verde

Distractions

Fancy a big house
Some kids and a horse
I can not quite, but nearly
Guarantee, a divorce
I think that I love you
I think that I do
So go on mister, make Miss me Mrs you.

I love you, I love you, I love you, I do
I only make jokes to distract myself
From the truth, from the truth.

Fancy a fast car
A bag full of loot
I can nearly guarantee
You’ll end up with the boot

I love you, I love you, I love you, I do
I only make jokes to distract myself
From the truth, from the truth.
I love you, I love you, I love you, I do
I only make jokes to distract myself
From the truth, from the truth.

Zero 7

Cântico Negro

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio
Quando eu morrer
batam em latas
e saltem aos pinotes,
como dizia o Mário.

Também não quero ir de burro
mas faço questão de ir de smoking.

Quando eu morrer
suspirem em alívio
e pensem que fui descansar.

Fui repousar
deste infinito turbilhão de ser eu
pois muito cansa
pois muito maça
pois muito dói.

Fui repousar junto da Madalena
e lá ficarei
a cheirar o seu pescoço.

Fui descansar, fui repousar
por já não mais aguentar.

Luísa de Sá-Carneiro

Sons de nha alma

I can't get no satisfaction
I can't get no satisfaction
'Cause I try and I try and I try and I try
I can't get no, I can't get no

When I’m driving in my car
And the man comes on the radio
He's telling me more and more
About some useless information
Supposed to drive my imagination

I can't get no, oh no, no, no
Hey hey hey, that's what I say

I can't get no satisfaction
I can't get no satisfaction
'Cause I try and I try and I try and I try
I can't get no, I can't get no

The Rolling Stones


Louco, sim, louco porque quis grandeza
Qual a sorte a não dá.
Não soube em mim minha certeza,
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

Fernando Pessoa

Cupido

Eu vi quando você me viu
Seus olhos pousaram nos meus
Num arrepio sutil

Eu vi, pois é, eu reparei
Você me tirou pra dançar
Sem nunca sair do lugar
Sem botar os pés no chão
Sem música pra acompanhar

Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu

Eu vi quando você me viu
Seus olhos buscaram nos meus
O mesmo pecado febril

Eu vi, pois é, eu reparei
Você me tirou todo o ar
Pra eu que pudesse respirar
Eu sei que ninguém percebeu
Foi só você e eu

Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu

Ficou só você e eu
Quando você me viu.

(Letra: Claudio Lins; Música: Maria Rita)
Tomás pensava consigo próprio que ir para a cama com uma mulher e dormir com ela são duas paixões não só diferentes como quase contraditórias. O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor (desejo que se aplica a um número incontável de mulheres), mas através do desejo de partilhar o sono (desejo que só se sente por uma única mulher).

A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera

20 de Junho de 2007

Então caí.
Uma queda longa, demorada
despedaçou-me mesmo antes
de tocar o chão.
Quando finalmente bati nas rochas,
arranhei os braços
parti as pernas
enegreci a pele.
Quando abri a cabeça
e o sangue jorrou,
cobrindo-me os olhos, o nariz e a boca,
cabelos desgrenhados,
um exército de lágrimas sem força para lutar.

Quando por fim
voei de mim
e me olhei
caída, despedaçada e inútil

só aí
nesse instante

me lembrei das tuas promessas
que consistiam, precisamente,
em não prometer coisa alguma.

Crónica dum sofrimento anunciado?

Para NPP&EEC a propósito duma exposição de fotografia

Fechai-vos pés
e não mais rasgueis caminhos e encruzilhadas.
Chamai para junto de vós os tornozelos
os joelhos, as pernas
e fechai-vos, fechai-vos na terra
leito do vosso nascimento e da nossa morte.

Que o sexo não mais palpite
As ancas não mais saracoteiem
Fechem tudo, fechem o tronco
No Tronco da natureza

Mãos, braços, ombros,
amordaçados os membros,
proibidos os movimentos
resta-te a alma,
esse tufo de cabelo
que teima em agitar-se
ao sabor do nada.

Querida pequenina,
és o sol que me ilumina
tens a luz que me fascina,
Onde estás? Onde estás?

Xutos & Pontapés
Espalhem a notícia
do mistério, da delícia
desse ventre.

Sérgio Godinho
Que renasçam os meus sentidos
devagar, lentamente
(almofadados tanto tempo
num laço rosa de cetim)

Que deles brotem flores,
pérolas preciosas: um
arrebatamento de cristal,
lá onde o âmago se contrai,
um véu de mar salgado a vestir o olhar

(Enlaça-me em cetim
devagar,
até que o mundo almofadado
me embale).
Parva não dá satisfações a ninguém
parva é parva porque quer
parva diz:

Sejam estúpidos se quiserem
mas não me toquem
Deixem-me estar sozinha
mas se gostam de me ver sozinha
sentem-se aí.

José Almada Negreiros, poeta futurista e tudo!

Sonho

Depois da maré cheia

e do sangue subir

voltou a cair

na inquietação.


Ter palavras para exprimir

a falta, o vazio

de nada de ninguém,

dum ser criado

na onda mais etérea da memória.


Um fim de tarde, o pôr-do-sol

as nuvens que o desenham

dois pássaros de mão a mão até nascente.

A Prisão

Microscópica se estende, ao longe,

a prisão magnânima.

Pululam as torres

nada dizem sobre a encruzilhada.


Um alquimista ao fundo

estende-me a mão

e, sobre a água deslizando,

apresenta-me a ilusão.


Aí, devorada pelos canibais,

estralhaçada pelos seus risos,

abro um sorriso amarelo

e meto-me pelas ruas.

A Dúvida (Resolvida)

Quero-te? Mas se te quero

por que, ao ter-te,

me enfadonhas e me maças?


Se te quero

porque não borboletam seres de mim,

por que não sou Diana e Vénus?


A porta fecha-se

e lá dentro é cinzento e mofo

(os pássaros continuam a voar)

uma luva que não calça bem na mão

por mais interessante

que seja o padrão.