quarta-feira, 16 de abril de 2008

"O emigrante" gentilmente cedido pela D. Maria Luísa

Para quem mora no Plateau, Cidade da Praia, e tem o costume de frequentar o Café Sofia, a janela da Dona Maria Luísa não passa despercebida. Ali se debruça no seu parapeito a gentil e simpática senhora que saúda quase toda a gente com um amistoso "Então, como tem passado?". Hoje tinha um mimo para mim, um mimo que me ficou a esvoaçar na alma. O autor é Carlos R. Borges e diz a D. Maria Luísa que mora ali perto. Ilustre desconhecido ou não, passou para o papel estas palavras tão simples quão profundas e caras. Regina, Bruno, Luigi, irmãos espalhados pelo mundo. Para mim e para vocês.

O Emigrante
A alma do emigrado
é uma alma repartida:
Parte prende-se ao passado
e a outra... à nova vida.
Saibam que os emigrantes
emigram por necessidade;
passam horas lacrimantes
horas de grande saudade.
Há quem diga à partida:
nunca mais quero cá vir!
mas a sua alma despida
volta cá para se vestir.
A alma do emigrante
não repousa no cabeçal;
hoje está lá bem distante
amanhã voa à terra natal.
Triste a terra que viu nascer
tantos e tantos emigrantes
para afinal irem morrer
a terras muito distantes.
Tristes aqueles que dão vida
a filhos para embarcarem;
ficam com a sua alma partida
à espera deles voltarem.
Quando cá se volta de visita
compartilha-se muita alegria;
mas chega o dia da partida
e tristeza é a ordem deste dia.
Regressar à terra amada
dá-nos vida sem medida.
Há muita alegria à chegada
e tanta tristeza à despedida.
Quem cá pode fazer vida
nunca pense em emigrar
porque o custo da despedida
é causa para muito chorar.
Carlos R. Borges

3 comentários:

Unknown disse...

ki lindu minhokinha. sabes às vezes sinto-me um emigrante na minha própria terra. afinal a gente é de onde?

Unknown disse...

Que lindo miminho da D. Maria Luisa -;) tão lindo e tão real.Parece que a estou a ver, com aquele sorriso simpatico. Tenho saudades!!!

Minhokinha disse...

Obrigada Voz na Pedra, Isabel e Catarina. Concordo que muitas vezes emigrante é um estado de espírito ou, como diz a Catarina, "somos de onde nos tratam bem... a geografia assim passa a ser um dado secundário." :)