segunda-feira, 14 de abril de 2008

Uma vénia à "Última Ceia" do Mindelo


Deu-se a conhecer ontem à Cidade da Praia, pouco habituada a manifestações artísticas deste calibre no âmbito do teatro, a "Última Ceia", uma adaptação do romance Apocalipse Nau, de Rui Zink pelo Grupo de Teatro do CCPM / ICA.

Arlindo Rocha, Elisabete Gonçalves, Elísio Leite, João Branco, Manuel Estêvão e Sílvia Lima deram voz, corpo e fundamentalmente alma a uma trama peculiar que se desenrola no limiar do milénio passado sob a alçada de Demónio, Diabo ou Satanás, como preferirem. Sob a alçada das forças do mal. Zink já nos tinha habituado ao seu estilo cómico, sarcástico e único em Hotel Lusitano, Os Surfistas (primeiro e-book português) e Dádiva Divina, romances publicados em 1987, 2001 e 2005 respectivamente, e também nas suas colecções de contos de que Homens-Aranhas (1994) é, a meu ver, o maior exemplo. Não será portanto novidade depararmo-nos com um Diabo tão eloquente e graciosamente cínico. A adaptação deste texto à realidade cabo-verdiana (à mindelense?) foi extremamente bem conseguida pela exploração atenta do caricato, da linguagem coloquial e das situações criadas, sobretudo a que envolve o triângulo amoroso Jorge, Helena e Vítor. Fiquei com vontade de ver mais, de seguir de perto o trabalho deste grupo que era para mim, até ontem, desconhecido.

Assim, queria deixar aqui a minha homenagem ao Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo, gritar BRAVO a alto e bom som e aplaudir, mas desta vez de pé... como todos os artistas devem ser saudados!

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