quarta-feira, 10 de junho de 2009

"Hipócritas de Merda", Tchalé Figueira


As palavras de Tchalé Figueira, ontem no Café Margoso, traduzem sem tirar nem pôr o verdadeiro espectáculo de protagonismo com que o Ministério da Cultura nos brindou ao final da tarde na pracinha do Café Sofia. Impunha-se uma homenagem a Arménio Vieira sim, da mesma forma que se impunha um pedido de desculpas público pelo desprezo que o mesmo ministério tem votado, pelo menos nos últimos anos, à obra premiada. Até à semana passada encontrar "O Eleito do Sol" na Cidade da Praia era quase como perscrutar uma agulha num vasto palheiro. Eleito de quem? inquiriam admiradas as senhoras responsáveis pelas livrarias do Plateau, ai do Arménio Vieira, não não conheço. Um ka ten displicente que só a perseverança do leitor podia reverter.
Se bem me lembro, o poeta ontem homenageado nunca foi devidamente apoiado no seu país. Há mais de um ano eu questionava neste espaço por que não lemos Arménio Vieira? A que se deve a total ignorância dos nossos alunos... Arménio quem? Não, só conheço Baltasar Lopes e Germano Almeida. Se o Ministério da Cultura e o da Educação tivessem dado as mãos após a publicação de "No Inferno", em 1999 e posterior a "O Eleito do Sol", hoje não teriam de passar pela vergonha da apatia académica quase generalizada e a homenagem de ontem teria sido, de facto, uma homenagem de todos. Assim, o que vimos ao anoitecer foi uma encenação (humoristicamente brilhante, diga-se) da apresentadora de serviço (hilariante!!!), do Senhor Ministro da Cultura, que fez questão de ler um texto crítico da sua autoria sobre a obra do poeta e escrito, como fez questão de enfatizar, há dez anos (porque Eu sou visionário), das autoridades e corpo diplomático que não se sabe se alguma vez porventura se deram ao trabalho (e ao prazer) de ler Arménio e de outras personalidades que, embora ignorem o génio quotidiana e recorrentemente, ontem até sorriram para a fotografia de braços dados e ar de muita intimidade.

No meio deste circo, o Conde todos observava aparentemente quieto. Os seus olhos não paravam, de um lado para o outro em zig-zag, a sua mente por certo laborava e, diz lá a verdade Arménio, foi um gozo para a tua veia satírica, não?

Foto: sapo.cv

8 comentários:

Cesar Schofield Cardoso disse...

Caramba Minhoca, que isto é que é expurgar a indignação.

Se eu tivesse uma granada e fosse suficientemente corajoso...!

Tchale Figueira disse...

BOA MINHOCA! HIPOCRITAS DE MERDA!

AQUELE ABRAÇO.

Anónimo disse...

HÁ MUITO QUE VENS AXORTANDO PARA A LEITURA DE ARMÉNIO... ÉS UMA VISIONÁRIA TAL QUAL O MINISTRO DA CULTURA (fala sériooo)...

Catarina Cardoso disse...

exortando...sr. anónimo.

Boa minhokinha! Estou contigo!
E sim és uma visionária, mas não como o ministro da cultura.
A diferença entre os dois prende-se com a verdadeira admiração que é fácil perceber que sentes pela sua obra.

beijinhos

Minhokinha disse...

César, coragem tens tu que chegue e sobre e as granadas ao nosso serviço são as palavras.

Obrigada Tchalé*

Caro anónimo, eu falo do que sei. Quando não sei prefiro calar-me a fazer figuras tristes..

Obrigada pelo reparo, Catarina e pelo comentário que me fez sorrir!

Às vezes as verdades doem...mas não é por isso que deixam de ser verdades.

Anónimo disse...

Uma cambada de hipócritas, vocês todos, sem o prémio o homem é um "mokero" com o prémio é tudo e mais alguma coisa, digam coisas que preste, ou seja, continuem a falar do homem agora como d'antes, ou seja, NADA...

RitaVS disse...

Tchalé, com todo o respeito, coloque, por favor, os créditos na foto. Essa imagem foi tirada pela jornalista RVS para a Sapo.CV.

Os direitos são da Sapo.cv

Obrigada. Abraço

Minhokinha disse...

Não é ao Tchalé que deve dirigir essa recomendação mas tem toda a razão, Rita. Por lapso, esqueci-me de mencionar que a foto é de Rita Vaz Silva, do sapo.cv.

As minhas desculpas, mais uma vez, e obrigada pelo aviso.