"Não existe ensino que se compare ao exemplo". (Baden Powell)
Envergonhe-se quem deixou passar Porto Madeira 2008!
Envergonhe-se quem não se abriu a esta inesquecível experiência humana e cultural!
O mote era o Encontro Transatlântico de Artes Plásticas que reuniu criadores oriundos de França, Senegal, Itália, Côte d'Ivoir, Cabo Verde e Madagáscar mas a realidade ali vivida transcendeu a mera esfera artística.
A olho nu, este encontro visou colorir as paredes cinzentas da pequena localidade: as casas ganharam vida, a escola primária lá no cimo do monte, o tanque de água pintado pelas crianças, a rua de Nha Victória, a casa/restaurante da Matchika, um pequeno conjunto de habitações ao fundo do vale que representam cada uma das ilhas do arquipélago, a Ribera d'Amor, até as pequenas e quadradas pedras das leiras se transformaram num gigante Lego que rasgou o verde viçoso das chuvas. A olho nu é este o projecto mas quem, de facto, se deu ao trabalho de subir a montanha íngreme que esconde este paraíso sentiu (sim, sentiu!) que toda a experiência ali proporcionada é bem mais enriquecedora dos pontos de vista humano e social do que propriamente artístico. Não que devamos desvalorizar o papel da arte neste tipo de iniciativas, pelo contrário. A arte de carácter social e reformador é, a meu ver, aquela que mais sentido faz no "egomundo" de hoje. Decorar uma árvore com dezenas de garrafas vazias de coca-cola, sprite e fanta pode não ser a vanguarda da art-déco, mas ao contemplar o efeito final, conseguido com uma acção tão simples e criativa, faz-nos sentir ter a força suficiente para mudar o nosso pequeno cosmos, depois o nosso país e, em última escala, o planeta.
Algumas imagens que ficaram na retina... e se fixaram:
- Misá, a graciosa anfitriã cujo sorriso triste de Mãe-Nação é a porta de entrada colorida deste Porto Madeira 2008.
- O "Cine Preto Fixe" improvisado que juntou crianças e jovens maravilhados em frente ao "médio ecrã".
- A generosidade e a prontidão de Matchika, a senhora cuja casa se transformou em restaurante sempre com um prato de comida para dar a quem chegasse. (Alguns estranharam o facto do seu dinheiro, ali, de nada valer.)
- Meninos pendurados no baloiço improvisado rindo alto.
- A casa do Zé Tomáz, artista cabo-verdiano, transformada em recepção pronta a receber. As bafas saborosas da Lenira.
- A boa disposição e energia de Mito, artista cabo-verdiano, a hospitalidade e os seus inesperados dotes culinários.
- A aura de Tchaka, artista cabo-verdiano, misterioso no seu silêncio contemplativo e pronto a descer o monte sem ver um palmo à frente para nos guiar a um porto seguro.
- Julie, Lamberto, Alex, Carlitos, Pascal, Omar, Anne...todos! Um grande abraço pelo mundo que me deram a conhecer e pela dose de optimismo e garra com que desci a montanha.
PS - À noite, em redor dos cinquenta mil mosquitos que esvoaçavam uma lâmpada, Lamberto:
"E uma música internacional que pudéssemos cantar em conjunto? Só se fosse...
We are the world, we are the children,
we are the ones who make a brighter day, so let's start giving..."
That's the spirit! :)
6 comentários:
Parabéns pelo Blogue.
É muito bonito, gosto do que leio e vejo.
Um abraço desde Portugal
ki mimo Minhokinha. Nada te escapa hein!!! De facto quem não foi perdeu. Com toda essa água a cair nas ilhas Porto Madeira está uma maravilha.
Vamo nessa então.
We are the world, we are the children....
Oi Minhokinha linda, nada te escapa, mesmo !!!
Esse teu jeito observador, faz parte do teu património-;) Parabêns -;)Continua
Bjocas
Nada escapou à tua cada vez mais soberba pena... Porto Madeira passou a constar no meu mapa dos refúgios mais mágicos!
Gostava de lá ter estado. Talvez seja o meu próximo destino "jornalístico".
Adorei a forma como transmitiste a magia do lugar.
Beijo,
Catarina
" A arte de carácter social e reformador é, a meu ver, aquela que mais sentido faz no "egomundo" de hoje. "
Minhokinha a filosofar... adorei!***
P.S. " No puedo cambiar el mundo, mas puedo cambiar mi calle " - José-Manuel Thomas Arthur Chao
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