segunda-feira, 12 de outubro de 2009
A minha cidade não muda
A minha cidade não muda. Prefere fechar os olhos, ignorar todos os sentidos e imaginar que está tudo bem. Mas não está!
Qualquer compartimento de uma qualquer casa, quando cheira a mofo, deve ser arejado. Os objectos devem sair do seu lugar ancestral, substituídos uns, reordenados outros e formar um espaço inovador. O próprio conceito de IKEA, já tão caro aos Portugueses, veio sublinhar a necessidade de nos livrarmos dos trastes velhos e reformarmos a nossa casa de uma ponta a outra. E para quê? Para que nos possamos sentir confortáveis nela. Com a Câmara Municipal de Braga passa-se, a meu ver, exactamente a mesma coisa: já são trinta e cinco anos (repito: trin-ta-e-cin-co-a-nos!) da mesma governação, do mesmo partido, dos mesmos amigos favorecidos, dos mesmos desconhecidos ignorados, da mesma coisa. São trinta e cinco anos da mesma ideologia, da mesma crença, da mesma visão. São trinta e cinco anos a pensar no melhor de Braga, não digo que não, mas por que há-de ser sempre a mesma cabeça a distinguir o Bom do Mau?
E nós, cidadãos: afoitamente mudamos de carro quando este atinge um número razoável de quilómetros percorridos; trocamos de casa quando finalmente temos dinheiro para a moradia; experimentamos vários produtos para o cabelo, tecemos comentários sobre a variedade estupidamente incrível de marcas existentes para isto e aquilo... e quando toca a mudarmos por um bem comum (o nosso enquanto cidadãos interventivos), fazemos de conta que não é connosco ou, pior, escondemo-nos por trás do tão hilariante quão desesperante argumento "É a última vez que o senhor vai concorrer, coitado... deixa-o acabar a carreira política em grande..." Não se lembram que também foi assim que Mesquita Machado venceu as últimas autárquicas de 2005? Já se esqueceram do apelo emocionado aos seus anos de vida e ao secular compromisso político com Braga? Já se esqueceram, não foi? Pois é...
Preferem olhar para os cartazes deste ano, onde o senhor aparece photoshopado com menos trinta anos no corpo e pensar: vou votar no Mesquita que ele está tão novo e deve ter ainda muito para dar. Enganam-se.
Mas entretanto, enquanto as coisas não mudam, cá vamos, perdoem-me a vulgaridade, chafurdando na merda!
imagem em www.pestinha94.blogs.sapo.pt/2008/09/08
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2 comentários:
Boas!
Esse "chafurdando na merda" fez-me lembrar o teu conterrâneo: Adolfo Luxuria Canibal :)
A verdade é que as alternativas não são melhores, ou pelo menos o povo não lhes quer dar o beneficio da dúvida. Depois, há aqueles que por um motivo ou por outro, têm alguma ligação ao Tio Mesquita... seja por serem ciganos, dependentes da Câmara Municipal ou até pelos Kiwi's que a sua quinta produz.
Acho mais escandaloso o caso do Alberto João Jardim, mas a verdade é que foram ambos democraticamente eleitos.
Faz-nos falta um espírito mais associativista... e em Braga, tu fazes falta!
Beijo herbívoro
P.S.- Deu-me vontade de caricaturar os outdoors do Mesquita... mas não tinha quem segurasse a escada :/
MUITO BOM! :)
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