Então Sir Lancelot empunhou a sua espada e foi em segredo até a um lugar onde sabia estar uma escada, que transportou debaixo do braço pelo jardim, até a uma janela à qual a encostou e onde a rainha se apressou a recebê-lo. E depois de trocarem entre si queixas acerca de muitas coisas diferentes, Sir Lancelot desejou poder juntar-se a ela.

- Vós bem sabeis - disse a rainha -, que também eu gostaria que vos juntásseis a mim.

-Senhora, gostaríeis de todo o coração - respondeu Sir Lancelot - que eu estivesse junto a vós?

- Sim, verdadeiramente - afirmou a rainha.

- Por amor de vós - declarou Sir Lancelot -, vou então provar agora o meu poder.

E levou as mãos às barras de ferro, puxando-as com tal vigor que as arrancou por completo das paredes de pedra, de tal modo que uma das barras lhe dilacerou a carne das mãos até ao osso; depois saltou para dentro dos aposentos da rainha.

- Não façais o mínimo ruído - advertiu a rainha -, pois os meus cavaleiros feridos repousam aqui mesmo ao lado.

Então, para encurtar a história, Sir Lancelot foi para a cama com a rainha.

in, A Morte do Rei Artur, Thomas Malory (1420-1471, Reino Unido)