terça-feira, 18 de novembro de 2008

História vs Progresso




Em Braga é assim: escava-se um buraquinho em nome do desenvolvimento e dá-se imediatamente de caras com Bracara Augusta! Os bracarenses já há muito se habituaram a esta espécie de segredo escondido mesmo debaixo dos seus pés. Para inglês ver a árvore genealógica da nossa querida cidade temos a Citânia de Briteiros, um espaço arqueológico entre Braga e Guimarães, onde foram descobertas ruínas de uma povoação romana, em 1875, e preservadas até aos nossos dias. Uma espécie de aldeiazinha do tempo da Maria Caxuxa onde as crianças de agora saltam, brincam e imaginam os tempos de então. Aqui e ali foram sendo encontradas mais ruínas, criámos o Museu de Arqueologia e assim continuámos a homenagear os nossos antepassados. Parecia ponto assente que onde há ruína histórica não entra a manápula de aço da modernização… até agora?
Detentores que somos de um dos maiores túneis rodoviários de Portugal (ou da Europa? Também temos a mania das grandezas...), o nosso mais que amado e ancião Presidente da Câmara resolveu por bem esticá-lo mais um pouco, talvez para não deixar margem para dúvidas acerca do seu vasto comprimento. Assim, eis que ele irrompe pela Avenida da Liberdade, artéria principal da cidade, com ainda mais fulgor do que já havia irrompido há mais de uma década. No entanto, à primeira ou segunda escavadela lá estão elas, as ruínas, à vista de todos, e desta vez parece que se encontrou um sarcófago e tudo mais ou menos em frente à Zara!


E agora, Francisco? – pergunto directamente ao senhor presidente. Quem dá o xeque-mate? A História ou o Progresso?

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